O jornalista Fernando Schuller, em um ensaio contundente publicado nesta semana na revista veja, levanta a polêmica questão da censura velada e da pressão sobre a imprensa no caso da prisão de Felipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro. O texto, que tem como ponto de partida um diálogo supostamente ocorrido entre Schuller e uma jornalista, expõe a fragilidade da liberdade de expressão em um contexto de crescente polarização política.
“Comentei com uma amiga jornalista que ia escrever sobre o caso do Filipe Martins. Ela foi rápida: ‘Não faz isso’, disse ela, com jeito querido. ‘Por quê?’, perguntei, já antevendo a resposta. ‘Porque esse treco de prisões e censura da ‘direita’ não tem jeito. É como aquela traição sobre a qual o casal não fala. Tem muita coisa errada, mas é melhor empurrar para debaixo do tapete’”, relata Schuller, em um trecho que ecoa nas redes sociais e reacende o debate sobre a influência de interesses obscuros sobre a cobertura jornalística.
A jornalista em questão, segundo prints que circulam nas redes sociais, seria Juliana Dal Piva. Em seu Twitter, a profissional negou ter tido o diálogo relatado por Schuller, mas a matéria, que abre com o trecho dos prints vazados, levanta questionamentos sobre a veracidade da negativa.
A prisão de Felipe Martins, ocorrida em meio a investigações sobre supostas irregularidades no governo Bolsonaro, se tornou um foco de controvérsia. Schuller, em seu ensaio, sugere que a pressão sobre a imprensa para silenciar sobre o caso seria uma tentativa de “empurrar para debaixo do tapete” possíveis falhas na condução da operação.
O caso coloca em evidência a complexa relação entre a mídia e o poder, especialmente em momentos de instabilidade política. A censura, mesmo que velada e disfarçada de conselhos amigáveis, é um ataque à liberdade de imprensa e um obstáculo à busca pela verdade. A investigação independente e a cobertura crítica são cruciais para garantir a justiça e a responsabilização dos envolvidos.
A polêmica sobre a suposta conversa entre Schuller e Dal Piva, independente de quem era o verdadeiro interlocutor, serve como um alerta sobre a necessidade de proteger o espaço para o jornalismo investigativo e combater qualquer tipo de interferência na liberdade de expressão. Segue o link da matéria na revista Veja: https://veja.abril.com.br/coluna/fernando-schuler/as-licoes-de-voltaire.
Júnior Melo (advogado e jornalista)