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Relatório da ONU aponta crescimento econômico global estagnado em 2,8%

O relatório das Nações Unidas sobre a Situação Econômica Mundial e Pespectivas para 2025 prevê que o crescimento global permanecerá em 2,8% este ano, o mesmo valor observado em 2024.

A publicação, lançada nesta quinta-feira, em Nova Iorque, indica que 2026 será marcado por um leve aumento para 2,9%.

Crescimento segue abaixo da média pré-pandemia

O levantamento organizado pelo Departamento de Assuntos Socioeconômicos da ONU, Desa, revela que embora a economia global tenha sido resiliente a uma série de choques contínuos, o crescimento segue abaixo da média pré-pandemia, de 3,2%.

As limitações identificadas incluem fraco investimento, lento crescimento da produtividade e elevados níveis de endividamento.

O relatório observa que a inflação mais baixa e a flexibilização monetária em curso em muitas economias poderiam proporcionar um impulso “modesto” à atividade econômica mundial em 2025.

No entanto o texto afirma que “uma grande incerteza ainda persiste”, com riscos decorrentes de conflitos geopolíticos, tensões comerciais crescentes e aumento dos custos de empréstimos em muitas partes do mundo.

Estes desafios são considerados particularmente graves para os países de baixo rendimento e vulneráveis, onde o crescimento abaixo da média pode prejudicar ainda mais o progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,ODS.

Um navio cargueiro está atracado no porto de Vigo, na Espanha

Um navio cargueiro está atracado no porto de Vigo, na Espanha

Disparidades regionais

O relatório estima que o crescimento nos Estados Unidos caia de 2,8% em 2024 para 1,9% em 2025, com a desaceleração do mercado de trabalho e redução dos gastos dos consumidores.

Já na Europa, a expectativa é de uma recuperação modesta, com o crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, de 0,9% em 2024 para 1,3% este ano, apoiada pela redução da inflação e pela resiliência dos mercados de trabalho.

Por outro lado, o fraco crescimento da produtividade e o envelhecimento da população continuam a pesar sobre as perspectivas econômicas da região.

Prevê-se que o Leste Asiático cresça 4,7% em 2025, impulsionado pelo crescimento estável projetado para a China de 4,8%. O sul da Ásia deve continuar sendo a região com crescimento mais rápido, com aumento do PIB projetado em 5,7% este ano, liderado pela robusta expansão de 6,6% da Índia.

Na África, o crescimento econômico esperado é de 3,4% no ano passado para 3,7% em 2025. Esse desempenho será em grande parte devido às recuperações nas principais economias, incluindo Egito, Nigéria e África do Sul.

Contudo o relatório ressalta que os conflitos, o aumento dos custos do serviço da dívida, a falta de oportunidades de emprego e a crescente gravidade dos impactos das alterações climáticas pesam sobre a economia do continente africano.

Recuperação comercial e flexibilização monetária

Os dados apontam que o comércio global deve crescer 3,2% em 2025, impulsionado pela melhoria das exportações de bens manufaturados da Ásia e pelo forte comércio de serviços.

No entanto, as tensões comerciais, políticas protecionistas e incertezas geopolíticas são considerados riscos significativos.

Em relação a inflação global, a previsão é de queda, saindo de 4% em 2024 para 3,4% em 2025, proporcionando algum alívio às famílias e empresas.

Espera-se que os principais bancos centrais reduzam ainda mais as taxas de juro este, à medida que as pressões inflacionistas continuem diminuindo.

Recomendações

Apesar da diminuição da inflação mundial, a alta no preço dos alimentos permanece, com quase metade dos países em desenvolvimento registrando taxas superiores a 5% em 2024.

Isso aprofundou a insegurança alimentar em países de baixo rendimento que já enfrentam fenômenos climáticos extremos, conflitos e instabilidade econômica.

O relatório recomenda que os governos evitem políticas fiscais excessivamente restritivas e, em vez disso, concentrar-se na mobilização de investimentos em energia limpa, infraestrutura e recursos sociais críticos, em setores como saúde e educação.

A publicação apela ainda por uma ação multilateral ousada para enfrentar as crises interligadas da dívida, desigualdade e mudanças climáticas.

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