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Portugal reforça apelo por renovação de missão de combate ao terrorismo em Moçambique

O recente aumento da violência por grupos armados não estatais continua forçando milhares de pessoas a fugir da província de Cabo Delgado, em Moçambique, para distritos do sul em busca de segurança. O alerta é da Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, que está profundamente preocupada com a escalada da crise humanitária na região.

Desde o último surto de violência e ataques contra civis, no início de fevereiro, mais de 70 mil pessoas foram deslocadas à força. Quase 90% dos desalojados são mulheres, muitas delas grávidas, pessoas com deficiência e idosos. 

Recrudescimento da violência

Ao comentar a crise, a ministra da Defesa Nacional de Portugal, Helena Carreiras, apontou algumas das possíveis causas para o recrudescimento da violência.

“Há duas ou três variáveis que podem ajudar a explicar: O regresso da Total, companhia francesa a Cabo Delgado. A Saída da Samim, uma missão da Sadc (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), que estava no local. Enfim, são circunstâncias que podem ter levado a uma avaliação circunstancial de aproveitamento por parte dos grupos terroristas. Mas acreditamos que as Forças Armadas de Moçambique estarão melhor equipadas com estas equipas mais especializadas para lidar com este permanente desafio que têm ali”. 

Ela destacou a missão de formação da União Europeia, liderada por Portugal, que tem duração prevista até setembro. O objetivo é treinar um conjunto de 11 companhias de fuzileiros e comandos e equipar estas tropas. 

Helena Carreiras considera que até agora o trabalho foi “muito bem-sucedido”, pois as companhias foram treinadas e o material “tem chegado no terreno”. 

Portugal e o combate ao terrorismo em Cabo delgado

Etapa final da missão

Contudo, a ministra afirmou que a missão precisa ter seu mandato renovado para que os objetivos sejam completados, levando-se em conta que os soldados ainda precisam treinar com o equipamento e se integrar ao Exército do país. 

“Neste momento estamos a assistir a um recrudescimento dos ataques e, portanto, garantir a sustentação e a manutenção dos equipamentos, mas também a incorporação nas Forças Armadas moçambicanas da doutrina do planeamento, para que as RSF, que são forças de reação rápida que são constituídas por estas 11 companhias, possam de facto encontrar o seu lugar no caso das Forças Armadas moçambicanas”.

Helena Carreiras disse ter esperança de que a missão tenha seu mandato renovado para que Portugal possa “continuar este importante trabalho para lidar com aquela que é uma das maiores ameaças de fato, para os moçambicanos em particular”.

Destruição extensiva

Ela afirmou que Portugal continuará sendo um parceiro de Moçambique na necessidade de “produzir segurança para confrontar ameaças que são comuns”.

A violência em Cabo delgado também foi marcada pela destruição extensiva de áreas residenciais e instalações religiosas e comunitárias, como escolas e centros de saúde. 

Esta destruição desenfreada agravou ainda mais a já terrível situação humanitária em Moçambique, onde mais de 709 mil pessoas continuam deslocadas internamente devido à violência perpetrada por grupos armados não estatais e ao impacto da crise climática.

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