Início » Participação de mulheres na política é marcada por assédio e tem ritmo reduzido
ONU

Participação de mulheres na política é marcada por assédio e tem ritmo reduzido

De acordo com o relatório Mulheres no Parlamento 2023, lançado pela União Interparlamentar nesta terça-feira, a proporção global de mulheres atuando no poder legislativo aumentou para 26,9%, com base nas eleições e nomeações que ocorreram em 2023.

O crescimento foi de 0,4% em relação ao ano anterior, semelhante ao aumento observado em 2022, porém mais lento do que nos dois anos anteriores. Em 2020 e 2021, o aumento foi de 0,6%.

Países e regiões com mais mulheres no parlamento

Ruanda liderou mais uma vez o ranking mundial, com as mulheres representando 61,3% dos assentos na Câmara dos Deputados, seguido por Cuba e Nicarágua com 55,7% e 53,9%, respectivamente.

Regionalmente, as Américas mantiveram a posição de longa data com a maior representação de mulheres, com 35,1% em janeiro de 2024. O Brasil é mencionado positivamente por ter indicado a primeira pessoa indígena para chefiar um ministério, a ativista e ex-deputada Sônia Guajajara. 

A África Subsaariana registou a maior melhoria entre todas as regiões, com um aumento de 3,9 pontos percentuais nas eleições de 2023 em comparação com as votações anteriores nos mesmos países. Os maiores ganhos foram em Benim, Essuatíni e Serra Leoa, possibilitados por políticas de cotas. 

Abandono da política devido ao assédio

O relatório da UIP observou que várias mulheres líderes de alto nível abandonaram a arena política em 2023. Muitas delas citaram o esgotamento e o aumento do assédio online como as principais razões para a saída.

No início do ano, Jacinda Ardern deixou o cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia e decidiu não se candidatar novamente ao seu assento parlamentar.

Alguns meses depois, Sanna Marin, a ex-primeira-ministra da Finlândia, que saiu do poder nas eleições de abril, também renunciou ao cargo de deputada e decidiu abandonar a política. Várias deputadas holandesas proeminentes também renunciaram.

Direitos sexuais e reprodutivos ganham destaque

O relatório da UIP destacou ainda que as questões de gênero surgiram frequentemente no topo da lista de prioridades dos eleitores durante os ciclos eleitorais do ano passado, especialmente os direitos reprodutivos das mulheres em países onde o aborto continua a ser uma questão controversa.

Nas eleições polonesas, a questão foi central após uma decisão judicial de 2020, apoiada pelo governo da época, que restringiu severamente o acesso ao aborto. A decisão foi seguida por protestos massivos em todo o país, liderados por mulheres e jovens. O relatório sugere que este foi um dos fatores que levaram o partido no poder a perder as eleições.

A UIP é uma organização internacional distinta das Nações Unidas. Ambas as organizações partilham metas e objetivos comuns relacionados com o empoderamento e a tomada de decisões mais inclusivas, e trabalham para promover o diálogo e a cooperação entre as nações.

A UIP goza de um estatuto especial na ONU, com convite permanente para participar como observador nas sessões e nos trabalhos da Assembleia Geral.

source