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ONU impulsiona resposta humanitária no sul e oeste da África

Milhões de pessoas na África Austral e Oriental vivem, há mais de um ano, o impacto das secas e inundações provocadas pelo El Niño.

Uma parceria do Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, com governos locais visa dar resposta as condições meteorológicas extremas.

Seca severa

Estima-se que em 2023 o El Niño tenha causado a pior seca a meio da estação em mais de 100 anos e a menor precipitação em mais de quatro décadas. A meta é que a ação antecipada seja proativa melhore a situação e traga esperança.

O Ocha aponta a região africana como uma das mais afetadas pelo fenômeno mundialmente. O continente enfrenta crescente necessidade humanitária alimentada pela crise climática e os esforços pela resposta contínua às comunidades afetadas.

Segundo a especialista dos Assuntos Humanitários do Ocha no Zimbabué, Atupele Kapile, a seca empurrou 29 milhões de pessoas na região para níveis alarmantes de fome, ameaçou o abastecimento alimentar, os rendimentos e a sobrevivência das comunidades agrícolas.

Cerca de nove milhões de pessoas no Malawi sofrem com os impactos devastadores das cheias e da seca induzidas pelo El Niño

© Unicef/Bennie Khanyizira

Cerca de nove milhões de pessoas no Malawi sofrem com os impactos devastadores das cheias e da seca induzidas pelo El Niño

El Niño pior do que previsto

No distrito de Umguza, onde a seca terá aumentado o risco de violência no gênero, o Fundo de População da ONU, Unfpa, implementa iniciativas lideradas pela comunidade que oferecem espaços seguros para as mulheres. O apoio inclui  transporte aos centros de apoio psicossocial e jurídico e programas de prevenção da violência.

Em projetos financiados pelo Fundo Central de Resposta a Emergências, Cerf, o ativista para a mudança de comportamento social, Phuluso Nyathi, alerta sobre a violência baseada no gênero e incentiva as pessoas a denunciarem casos de abuso.

No distrito de Chikwawa, no Malauí, onde os baixos rendimentos agrícolas deixaram crianças e mulheres grávidas vulneráveis ​​à subnutrição, o financiamento permitiu o Centro de Saúde fornecer alimentos terapêuticos essenciais prontos a usar para mais de 4 mil crianças.

Uma delas é filho de Gloria Mbozi. Ela disse que observou grandes melhorias no filho que estava doente desde que recebeu alimentos terapêuticos prontos a consumir e está muito grata pelo tratamento.

Soluções sustentáveis

O Ocha reitera a vontade de continuar a apoiar as comunidades afetadas e a defender soluções sustentáveis para fortalecer a ação liderada pela comunidade à medida que o El Niño transita para La Niña.

Avaliações do Programa Mundial de Alimentos, WFP, dão conta de que as sementes e gado resistente a seca distribuídos pelos parceiros humanitários e de desenvolvimento no Madagáscar melhoraram a segurança alimentar em zonas do país onde os défices de precipitação ameaçavam agravar a situação.  

Na Etiópia, o apoio chegou numa altura em que se usavam árvores para construir abrigo. A situação é de desespero pela falta de água potável e escolas para as crianças.

Abshira explicou que, com os fundos Cerf, a Organização Internacional para as Migrações forneceu abrigo e produtos essenciais a 1.900 famílias.

Um campo de milho estragado pela seca na Zâmbia, um dos países que declarou emergência enquanto enfrenta os efeitos do El Niño

Um campo de milho estragado pela seca na Zâmbia, um dos países que declarou emergência enquanto enfrenta os efeitos do El Niño

Uma resposta coletiva

As chuvas relacionadas ao El Niño deslocaram milhares de pessoas na Etiópia, Somália e no Quênia. A situação obrigou as vítimas a enfrentar meses de deslocamento com abrigo e acesso a serviços básicos limitados.

Nuurta é uma somali deslocada na região de Baidoa e conta que a ajuda que recebeu melhorou a qualidade de vida. Os filhos ficam mais quentes à noite, os lençóis de plástico protegem da chuva e os artigos de cozinha permitem preparar refeições adequadas. Eles recebem também apoio jurídico e psicossocial.

A queniana Dorcas Odhiambo, do condado de Kisumu, é uma das mais de 300 mil pessoas desalojadas pelas inundações. Ele retomou a venda de legumes e agora consegue pagar a mensalidade dos netos. As inundações prejudicaram meios de subsistência e há receios de que as casas possam ruir.

Angola e Moçambique estão entre os beneficiários dos mais de US$ 72 milhões do Cerf implementados por organizações humanitárias que prestaram ajuda a milhões de pessoas.

A lista inclui Burundi, Etiópia, Quênia e Lesoto, Madagáscar, Malauí, Namíbia, Somália, Zâmbia e Zimbabué.

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