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Na ONU, escritora brasileira defende tecnologia e educação na promoção de mais inclusão

A professora brasileira Djamila Ribeiro considera que usar mais intensamente tecnologias para permitir a comunicação e promover a educação sobre equidade podem reforçar a construção de sociedades mais inclusivas.

Neste dezembro, a filósofa, escritora e ativista apresentou a versão em inglês de sua obra “Lugar de Fala” nas Nações Unidas. Dezenas de exemplares estão disponíveis na Biblioteca da ONU para incutir o valor das conversas.

Diálogo e comunicação

Falando ao Podcast ONU News, Djamila Ribeiro disse que, sendo ela própria grande usuária da rede social, vê um recurso eficaz em favor do diálogo e da comunicação sobre temas que tem abordado dentro e fora do Brasil.

“Eu faço parte de uma geração que começou, não só a escrever livros, mas a publicar os autores. Eu coordeno um selo editorial no Brasil. Já publicamos 27 livros, todos escritos por pessoas negras. Então, a gente vai unindo também com o que tem de bom com essa tecnologia:  saber conversar nas redes sociais é importante. Saber fazer uso da linguagem a gente poder usar todos esses tipos de comunicação. Porque, de fato, tem uma geração aí que cresceu com a rede social e a tecnologia. Então, acho que a gente deve usar a tecnologia como ferramenta. Eu acho que é importante, ela não pode substituir, mas obviamente pode se usar essa ferramenta também para conseguir se comunicar com outros públicos e quebrar essas bolhas. Muitas vezes, a gente fica numa bolha, seja da academia ou do ativismo.”

Em 2023, Djamila Ribeiro foi a primeira brasileira a discursar na Assembleia Geral em cerimônia global do Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos

Durante a entrevista à ONU News, a ativista brasileira defendeu o uso eficaz de tecnologia, das redes sociais e da educação desde os primeiros anos pode ser multiplicador de boas práticas.

Filósofa brasileira enfatizou a importância de se promover a reflexão de pensadores brasileiros

Filósofa brasileira enfatizou a importância de se promover a reflexão de pensadores brasileiros

“Eu me comunico com as pessoas. Viajei muito pelo Brasil saindo daquela visão só do Sudeste para muitas regiões do Brasil, porque a gente tem que aprender a falar com as pessoas e não para elas. Falar para o importante é a gente trazer as pessoas para conversa junto com a gente. Eu acho que essas ferramentas são a tecnologia é uma ferramenta importante que a gente não pode ignorar de forma nenhuma para conseguir avançar. Claro tem muito ainda ser feito é um problema histórico E estrutura inegavelmente, mas eu acho que tem muitas pessoas bacanas fazendo eu acho também importante visibilizar o trabalho que está sendo feito de muita gente, porque às vezes a gente só foca nos problemas, obviamente, mas também focar nessa geração também está se mobilizando de maneiras diversas para fazer o debate acontecer. Seja aqui nos Estados Unidos, seja na Colômbia em que eu já estive, seja no México… o quanto que é legal olhar para essa geração e ver o quanto que tem gente aí fazendo apesar de todos os desafios.”

Djamila Ribeiro acredita ainda que a educação é importante para que novas gerações atuem em meio a conflitos realçando a falta de equidade e são recorrentes.

“Não pode ter tabu e, sem dúvida nenhuma, investir na educação desde o ensino infantil. Isso deve ser tratado e estudado da maneira como se deve porque a gente desnaturaliza tanta coisa e constrói alteridade com outro. A gente reconhece a humanidade do outro quando a conhece sobre ele, quando entende a história. Quando a gente entende que são várias formas, possibilidades, povos distintos, línguas distintas, visões de mundos diferentes para gente a conseguir, de fato, olhar para o outro e enxergá-lo como deve ser. A educação é um caminho fundamental para que isso possa mudar para as gerações futuras”

A acadêmica disse que sete anos após ter saído no Brasil, a obra em inglês agora na ONU marca o acesso a uma realidade onde escritores brasileiros têm dificuldades de fazer circular seus trabalhos literários.

Ela enfatizou a importância de se promover a reflexão de pensadores brasileiros e ajudar o mundo num “olhar de uma maneira transnacional” para temas sobre inclusão racial e de gênero que marcam seu percurso de intervenção social.

Djamila Ribeiro foi a primeira brasileira a discursar na Assembleia Geral em cerimônia global do Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão em 2023

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