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A 6ª Assembleia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, Unea-6, abriu as reuniões de alto nível nesta quinta-feira em Nairóbi, Quênia, com a intervenção de líderes incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Em mensagem de vídeo, ele afirmou que os esforços a ser feitos no evento são “urgentes” para enfrentar a crise ambiental, sublinhando que “o planeta está na beira do abismo”.
Negociação de um tratado internacional
O chefe da ONU afirmou que a reunião desempenha um papel fundamental na condução da ação ambiental e já provou que pode gerar unidade e resultados ao ter adotado decisões históricas, como o início da negociação de um tratado internacional para acabar com a poluição plástica.
No evento, o presidente da Assembleia Geral, Dennis Francis, destacou que o fórum está extremamente bem preparado para promover prioridades e produzir os resultados globais para seguir com o desenvolvimento sustentável.
Aumento da temperatura global
Para ele, a comunidade internacional deve mudar o rumo, porque “a trajetória atual não é a ideal, para dizer o mínimo.” Ele ressaltou aumento da temperatura global em 1,5º C em 12 meses, pela primeira vez desde que há registro, e a presença de partículas de plástico em todos os ecossistemas do planeta.
Já a diretora executiva do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, Inger Andersen, disse que os Estados-membros devem pôr de lado suas diferenças e unir forças para proteger a natureza de todo o planeta, “que está à beira do colapso”.
Andersen afirmou ainda que a razão de ser da Unea-6 é o fato de que as crises ambientais que o mundo enfrenta vêm se ampliando e intensificando. Ela ressaltou que as luzes de advertência no painel planetário estão vermelhas e piscando.
Tecnologia para enfrentar crise climática
Em paralelo à sessão plenária, a Unea-6 exibe o Laboratório de Aceleração Digital que ensina a usar tecnologia para enfrentar crise climática.
A novidade apresentada na COP-28, em outubro, estreia este ano em UNEAs com simuladores de realidade virtual, videogames, aplicativos, protótipos em desenvolvimento, documentos disponíveis em plataformas digitais e eventos com parceiros.
O propósito da Exibição sobre Transformação Digital é ensinar, sensibilizar e inspirar ações individuais e coletivas de enfrentamento às mudanças climáticas e voltadas para a sustentabilidade do planeta.
A brasileira Clara Wegesnat é especialista em transformação digital do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, em Nairóbi, Quênia e explica como a inteligência artificial pode ser aplicada em favor da sustentabilidade.
Transformação Digital
“Procuramos mostrar que as ferramentas tecnológicas hoje disponíveis devem ser usadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a poluição dos mares e oceanos, e ajudar a humanidade a recuperar os ecossistemas.”
O estande do Laboratório de Transformação Digital tem promovido, desde o primeiro dia de Unea-6, pelo menos dois eventos abertos ao público por dia
Entre as experiencias apresentadas estão a da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que mostrou como a inteligência artificial pode ser aplicada ao desenvolvimento de políticas globais para o plástico. O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, explicou como é possível acelerar a ação climática em favor da infância por meio de soluções e dados digitais.
Indústria de jogos eletrônicos e redução de emissões de carbono
A advogada brasileira Luma Dórea, estudante de doutoramento em Legislação Ambiental Internacional na Universidade de Nairobi, experimentou o simulador que integra a iniciativa do Pnuma chamada Playing for the Planet.
“Eu nunca tinha experimentado essa tecnologia, e fiquei impressionada de perceber como ela pode ajudar a entender a crise climática e encorajar as pessoas a agirem em prol da sustentabilidade”.
O objetivo é incentivar a indústria de jogos a reduzir suas emissões de carbono e ao mesmo tempo inserir mensagens ambientais em seus produtos, gratuitamente, e de modo a inspirar ação. O negócio dos games alcança uma em cada três pessoas no mundo.
A Unea-6 prossegue ao longo de toda a quinta-feira com diálogos ministeriais e eventos paralelos. A Sala Verde, por exemplo, enfatiza a correlação entre justiça climática e direitos humanos, com eventos sobre plásticos e a saúde das mulheres, segurança nutricional, empoderamento das mulheres e agricultura inteligente em termos climáticos.
Uma discussão aborda a importância da fé religiosa no multilateralismo quando se trata de combater os impactos das mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição plástica.
*Ludmilla Duarte, de Nairóbi para a ONU News.