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Intensificação de combates e estação chuvosa pode agravar fome no Sudão

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alerta que a fome é iminente nas regiões afetadas pela guerra no Sudão, com civis encurralados pela intensificação dos combates no norte de Darfur.

A agência da ONU tem alertado repetidamente que o país pode se tornar a pior crise de fome do mundo à medida que o conflito entra em seu segundo ano. Além disso, a estação chuvosa deve começar no próximo mês e rotas essenciais podem ficar intransitáveis. 

Ajuda humanitária e estoques

O diretor executivo adjunto do PMA, Carl Skau, afirmou após uma visita ao país que restam apenas algumas semanas para estocar suprimentos de alimentos em partes de Darfur e Cordofão. 

Segundo ele, a situação é desesperadora e está se deteriorando rapidamente. O PMA está chegando a cerca de 2,5 milhões de pessoas e, embora tenha capacidade de aumentar e expandir assistência, precisa que todas as partes facilitem o acesso.

Skau explica que a passagem precisa ser permitida tanto nas linhas de frente em guerra, quanto pelas fronteiras do Chade e do Sudão do Sul. Ele adiciona que os agricultores também precisam chegar com segurança às suas terras para plantar antes das chuvas.

Crianças caminhando para seu abrigo em um campo de deslocados internos perto de El Fasher, capital do Norte de Darfur, Sudão

Crianças caminhando para seu abrigo em um campo de deslocados internos perto de El Fasher, capital do Norte de Darfur, Sudão

Fome no Sudão

Pelo menos 5 milhões de pessoas no Sudão estão à beira da fome. Os especialistas do PMA alertam que esse número pode ter aumentado significativamente desde a última avaliação, em dezembro de 2023. 

Uma análise preliminar do PMA identificou 41 focos de fome com alto risco de agravamento no próximo mês, a maioria deles em áreas de acesso restrito onde o conflito está ocorrendo, incluindo as regiões de Darfur, Cordofão e Cartum.   

Em Porto Sudão, o representante do PMA se reuniu com um membro sênior do Conselho de Soberania do Sudão, com o Comissário Federal de Ajuda Humanitária e com o Ministro da Agricultura. 

Eles reconheceram a gravidade da situação e se comprometeram a facilitar as entregas entre linhas, mais flexibilidade no uso da passagem de fronteira de Tine, do Chade para Darfur do Norte. Além disso, irão considerar a possibilidade de permitir que os comboios do PMA atravessem a passagem de fronteira de Adre, atualmente fechada. 

Segundo o PMA, atualmente estão sendo feitos progressos com o Movimento Popular de Libertação do Sudão em relação ao acesso humanitário e a facilitação do acesso à região de Cordofão, inclusive por meio de uma rota transfronteiriça do Sudão do Sul, que também está prevista.

Milhares (por mês) ainda migram para países próximos como o Sudão do Sul e o Chade. Esquecido e sem voz. Em uma jornada incrivelmente desafiadora que ninguém sabe quando terminará

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Ponte aérea para ajuda humanitária

Além disso, foram assumidos compromissos de que o Serviço Aéreo Humanitário da ONU, gerenciado pelo PMA, poderia abrir uma ponte aérea para Kassala a partir de Porto Sudão. 

Skau afirma que esses avanços são bem-vindos para melhorar o ambiente operacional humanitário no país. No entanto, ele adiciona que os compromissos assumidos por todas as partes para facilitar o acesso humanitário precisam “urgentemente ser traduzidos em realidades no terreno”.

A escalada dos combates em El Fasher, no norte de Darfur, nos últimos dias, resultou em muitas mortes e ferimentos de civis, danificou o único hospital em funcionamento no estado e dificultou o acesso humanitário à cidade e fora dela. 

Para o representante do PMA, a situação no Sudão não tem recebido a atenção que merece. Skau afirma que esforços diplomáticos e mais recursos são urgentemente necessários para proteger os civis e fortalecer a resposta humanitária. 

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