As Nações Unidas condenaram a escalada da violência no Sudão após a ofensiva para a retomada da capital Cartum, por forças do Exército do país.
Desde abril de 2023, tropas sudanesas estão em guerra contra paramilitares das Forças de Reação Rápida, RSF, na sigla em inglês.

Uma mãe segura a bala que foi retirada de sua filha de oito anos depois que ela foi atingida em sua casa, nos arredores da capital Cartum
Imagens de dentro do Palácio
Há relatos de que 12 milhões de sudaneses tiveram que fugir de suas casas desde o início dos combates. Os rebeldes estavam ocupando o Palácio Presidencial, em Cartum.
Nesta sexta-feira, agências de notícias internacionais informam que o Exército reconquistou o local sob forte resistência dos integrantes da RSF. Em vídeos publicados na internet, as tropas sudanesas mostram imagens de dentro do Palácio.
O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou a morte de dezenas de civis, nos últimos dias, incluindo trabalhadores humanitários voluntários em bombardeios e artilharia pesada empregados na ofensiva.
Execuções sumárias e prisões por paramilitares
A ONU recebeu relatos de que os combatentes da RSF e milícias aliadas teriam invadido casas no leste de Cartum e executado moradores, realizando ainda prisões arbitrárias e saques em clínicas médicas e cozinhas comunitárias.
Outra preocupação é com alegações de violência sexual na área de Giraif Gharb, o que agrava a crise.
O Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, informou que um ataque a drone matou cinco mulheres, no leste de Cartum, e deixou outras pessoas feridas, na terça-feira.
A agência pediu que todas as partes se abstenham da violência e de alvejar civis e estruturas civis, o que é contra o direito humanitário e internacional.
A ONU afirma que a situação no norte de Darfur também é grave.

Confrontos dentro e ao redor de El Fasher, no Sudão, forçaram muitas famílias a fugir em busca de segurança
Doenças infecciosas e falta de serviços básicos
Grupos armados ao redor da cidade de El Fasher forçaram milhares de pessoas a fugir do acampamento de refugiados Zamzam, que está sob cerco e enfrentando fome. Serviços básicos foram suspensos por causa dos riscos de segurança, com isso aumentou a possibilidade de contaminação de doenças infecciosas transmitidas por água contaminada.
A violência se intensificou nas últimas semanas quando o Exército sudanês aumentou a ofensiva contra os paramilitares da RSF. S
Segundo analistas, a reconquista de Cartum, que caiu em 2023, no início do conflito, era considerada uma enorme vitória para o Exército do país.
Os paramilitares seguem controlando grandes áreas do Sudão incluindo a maior parte do oeste.
A ONU diz que a guerra civil já causou a maior crise humanitária do mundo.