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Com apoio da ONU, Madagáscar dá exemplo de resiliência e adaptação climática

As pessoas que vivem em Madagáscar estão aprendendo a se adaptar às rápidas alterações do clima naquele que é considerado o quarto país mais afetado pelas alterações climáticas em todo o mundo.

O coordenador residente da ONU no país, Issa Sanogo, conversou com a ONU News sobre o progresso que o país e os seus cidadãos fizeram na resposta à crise climática.

Recuperando a produção de mandioca

O representante comentou que os agricultores em áreas do sul de Madagáscar enfrentam uma emergência humanitária devido à seca, após anos de subdesenvolvimento e insegurança.

Segundo Sanogo, as condições cada vez mais secas e duras fizeram com que, até recentemente, cada planta de mandioca produzisse apenas cerca de quatro quilos de raízes. 

No entanto, após novas formas de cultivo implementadas pelo Programa Mundial de Alimentos, PMA, e parceiros, cada planta está produzindo 20 kg, “uma colheita surpreendente numa terra tão árida”. 

Ele contou que os agricultores se beneficiaram dessas transformações, ressaltando que as famílias agora têm acesso a alimentos mais nutritivos e conseguem vender o que sobra para pagar a educação dos filhos e as necessidades de cuidados de saúde.

Uma mulher vende produtos na aldeia de Zanavo Fagnalenga

Uma mulher vende produtos na aldeia de Zanavo Fagnalenga

Soluções para lidar com a seca

Este é apenas um exemplo de como o povo da nação insular do Oceano Índico está se adaptando à nova realidade das alterações climáticas, mas há muitos outros.

Nas comunidades de Behara e Ifotaka, ao sul do país, como em outros lugares, o acesso à água é uma questão crítica e um tema fundamental para o que a ONU chama de abordagem de Zonas de Convergência, que reúne agências da organização para aproveitar seus conhecimentos e melhorar resultados. 

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO, introduziu práticas climaticamente inteligentes para promover sementes resistentes à seca, como o sorgo e o amendoim, e sistemas de irrigação gota a gota, utilizando bombas solares.

O poder da energia solar

Em Ifotaka, o projeto de Transformação Rural Rápida introduzido pelo PMA fornece à comunidade um centro alimentado por energia solar que fornece eletricidade e acesso digital à escola comunitária e outras estruturas sociais. 

Além disso, a agência está proporcionando oportunidades empresariais e criando emprego para os jovens, com o apoio do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Fida.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, apoia o acesso à água através da construção de bombas e quiosques movidos a energia solar, fornecendo água potável para uso diário e reduzindo a incidência de diarreia e outras doenças, bem como a desnutrição. 

Tenefo Votsirasoa é membro de uma associação de mulheres produtoras na aldeia de Ankilinanjosoa

Tenefo Votsirasoa é membro de uma associação de mulheres produtoras na aldeia de Ankilinanjosoa

Vulnerabilidade climática

Madagáscar é o quarto país mais vulnerável do mundo às alterações climáticas. É recorrentemente atingido por secas e ciclones cuja frequência, duração e intensidade estão aumentando. Estes efeitos afetam principalmente o sul e sudeste do país.

As famílias dependem muito da agricultura baseada na chuva, o que as torna mais vulneráveis ​​a estas condições climáticas cada vez mais instáveis.

Com a seca, as culturas não só sofrem com a falta de água, mas também são afetadas pelas tempestades de areia vermelha que destroem as plantas e arrastam o solo fértil. Nestas condições, as comunidades lutam para produzir alimentos básicos e a sua insegurança alimentar e subnutrição aumentam, sendo muitas vezes as mulheres que suportam a maior parte do fardo. 

Para prevenir crises futuras e acelerar a recuperação dos efeitos de choques climáticos repetitivos, Issa Sanogo defende que o país precisa de mais do que assistência de emergência. 

A transformação gerada pelo sisal

Segundo o coordenador residente, construir a resiliência de indivíduos, comunidades e instituições aos efeitos de secas e ciclones, inclusive através da adaptação às alterações climáticas, é a única solução sustentável. 

Um exemplo da abordagem é o programa de dinheiro por trabalho implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, através do qual os membros da comunidade obtêm rendimentos pela plantação de sisal ao longo da costa. 

O sisal ajuda a diminuir o impacto prejudicial do vento nas culturas e retém a umidade do solo, estabilizando as dunas costeiras e proporcionando proteção às culturas normalmente afetadas pelas tempestades de areia vermelha. 

Como resultado, as comunidades são agora capazes de cultivar culturas comerciais em campos que antes estavam perdidos na areia.

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