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Agências soam alerta sobre lado trágico do corte de verbas para ajuda humanitária

A Organização Internacional para Migrações, OIM, e o Programa da ONU sobre HIV/Aids, Unaids, estão entre as agências das Nações Unidas que apelaram a países doadores para restaurar o financiamento de ajuda humanitária.

Com o corte, sem precedentes, de 30% de suas verbas, a OIM falou de impactos severos sobre comunidades migrantes pelo mundo após a grande redução dos projetos patrocinados pelos Estados Unidos.

Modelo de financiamento baseado em doações

A agência terá de reduzir 20% de seus funcionários na sede, em Genebra, para tentar garantir a continuidade de ações de assistência humanitária a comunidades migrantes em várias áreas críticas.

O modelo de financiamento da OIM se baseia em doação de países-membros da organização, mas quando essa verba termina, o efeito é sempre sentido por quem mais precisa em grupos de migrantes vulneráveis.

Essa situação não afeta somente a agência da ONU, mas também instituições parceiras. Por isso, a OIM tenta produzir um orçamento que seja de baixo custo e estabelecer parcerias com outras entidades que possam reduzir o preço das operações.

OIM perde trabalhadores em momento de crise humanitária

A agência já assumiu que muitos funcionários terão de ser demitidos e lamentou a perda da força de trabalho num momento de desastres naturais, instabilidade econômica e altos níveis de deslocamentos forçados de migrantes pelo globo.

Uma outra agência a pedir aos países-membros que ajam para evitar o pior é o Unaids.

Após os cortes dos Estados Unidos, a diretora-executiva, Winnie Byanyima, informou que 6,3 milhões de pessoas podem morrer nos próximos quatro anos.

Segundo ela, os programas de apoio para soropositivos não têm como seguir, se as verbas não forem restauradas. Ela disse que haverá um aumento dos casos de HIV no mundo e que a situação pode piorar, como nos patamares da crise de mortes vista nos anos 90 e 2000.

Subfinanciamento levou ao aumento da fome no Chade

© Unicef/Annadjib Ramadane Mahamat

Subfinanciamento levou ao aumento da fome no Chade

Unaids espera 8,7 milhões de novas infecções com HIV

Em 2023, o número de mortes por HIV aumentou 10 vezes. No mesmo ano, foram notificadas 1,3 milhão de novas infecções em todo o mundo. Para este ano, o Unaids espera mais 8,7 milhões de diagnósticos positivos de HIV.

A chefe do Unaids lembrou que no fim de abril, a Casa Branca deverá reavaliar o corte de verbas, e ela pede que a decisão seja revertida a favor das doações.

Apesar de outros governos terem prometido ajudar, muitas clínicas já foram fechadas e milhares de agentes de saúde contra o HIV foram demitidos.

O leste e o sul da África são as regiões com o maior número de casos de HIV concentrando 53% do fardo global. Mais de 60% das novas infecções pelo vírus da Aids são de meninas e mulheres jovens.

O mundo tem 40 milhões de pessoas vivendo com HIV.

Emergências na RD Congo e em Mianmar

Na semana passada, a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, disse que milhares de pessoas estavam sem apoio na República Democrática do Congo após o anúncio de redução de financiamento.

O país está atravessando um conflito que já matou milhares de pessoas nos últimos meses entre as tropas do governo e rebeldes do grupo M23 que é apoiado por Ruanda.

O Acnur também soou o alarme sobre o impacto da falta de financiamento para socorrer a população rohingya de Mianmar, que fugiu para o país vizinho Bangladesh, para escapar da perseguição.

Eles vivem em Cox’s Bazar considerado hoje o maior acampamento de refugiados do mundo.

Cerca de 30% desses refugiados têm entre 10 e 24 anos. 

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