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Agência da ONU realiza projeto para eliminação do Tracoma no Brasil

Para avançar no plano de eliminação do tracoma nas Américas, a Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, e o governo do Canadá estão desenvolvendo um projeto em 10 países da região. 

Entre eles está o Brasil. No país, a iniciativa está sendo implementada em cooperação com o Ministério da Saúde, no Distrito Sanitário Especial Indígena Tocantins. 

Primeira etapa

No primeiro ano, foram realizados exames e coleta de dados com mais de 3 mil pessoas. Durante a pesquisa, foram visitados 750 domicílios e examinadas 3.123 pessoas, incluindo 894 crianças de 1 a 9 anos.

As informações coletadas foram enviadas pelas equipes diariamente para o Tropical Data, um hub com dados globais sobre tracoma. Os resultados serão apresentados posteriormente para construir uma proposta de intervenção intersetorial com ênfase nas questões interculturais e de gênero, envolvendo a participação da população local.

Palmas, capital do Tocantins

Palmas, capital do Tocantins

Mulheres e populações indígenas 

O tracoma é uma doença ocular infecciosa e principal causa de cegueira entre mulheres em áreas pobres e remotas da América Latina. A enfermidade é endêmica em muitas áreas rurais, pobres e remotas do mundo, incluindo Brasil, Colômbia, Guatemala e Peru, onde afeta cerca de 5,6 milhões de pessoas. Na América Latina, as populações indígenas da bacia amazônica são desproporcionalmente afetadas pela doença.

Estima-se que as mulheres têm duas vezes mais chances de serem afetadas pela doença e até quatro vezes mais chances do que os homens de ficarem cegas devido ao tracoma. Isso se deve a uma combinação de fatores, incluindo funções tradicionais de cuidado baseadas no gênero em comunidades endêmicas, baixa escolaridade e acesso limitado a serviços básicos de saúde.

Avaliação da transmissão

A representante da Opas, Sheila Rodovalho, explica que foram aplicados questionários na região brasileira com o objetivo de fornecer uma melhor compreensão da situação local, avaliando os residentes das casas, principalmente as crianças, para entender a transmissão da doença.

Enquanto a representante do Ministério da Saúde do Brasil, Maria de Fátima Costa Lopes, destaca que o Distrito Sanitário Especial Indígena Tocantins foi escolhido porque apresentou um histórico de ocorrência de casos de tracoma. 

Ela explica ainda que a área não participou do “inquérito nacional de prevalência para validação da eliminação do tracoma como problema de saúde pública”, realizado em 2018 em áreas não indígenas, e em 2021 nas áreas indígenas. 

De acordo com Maria de Fátima, além do diagnóstico do tracoma, os inquéritos promoveram “o intercâmbio institucional com abordagens interculturais e de gênero”.

Pacote de intervenção contra o tracoma

O projeto vai durar até 2028. A primeira etapa da abordagem nas residências começou com um primeiro contato, onde os profissionais se apresentaram e pediram licença para os moradores para entrar e detalhar o trabalho realizado.

Na pesquisa também foram avaliadas questões ambientais as quais as pessoas estão inseridas, como condições sanitárias, de higiene, entre outras.

As análises vão contribuir com a aceleração da implementação do pacote integrado de intervenções contra o tracoma da Opas/OMS, conhecido como SAFE, que inclui cirurgia para evitar deficiência visual e possível cegueira, antibióticos para reduzir a infecção, limpeza facial para prevenção e melhorias ambientais para reduzir a transmissão.

Causado pela bactéria Chlamydia trachomatis, o tracoma é transmitido tanto por moscas quanto pelo contato direto com as secreções oculares de pessoas infectadas. Os fatores que favorecem a transmissão incluem superlotação e condições sanitárias e de higiene precárias.

 

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