Início » Reflorestamento com sementes da Mata Atlântica transforma vidas em Minas Gerais e Espírito Santo
Agro

Reflorestamento com sementes da Mata Atlântica transforma vidas em Minas Gerais e Espírito Santo

O que começou como uma tragédia, se tornou, nos últimos sete anos, numa grande oportunidade de geração de renda para um grupo de 1,3 mil coletores, em 26 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. Esse grupo coletou 80 toneladas de sementes, de mais de 350 espécies nativas da Mata Atlântica, destinadas à recuperação de áreas degradadas, o que lhes possibilitou uma renda de R$ 10 milhões.

Estima-se que 15 quilos de sementes possam gerar 10 mil árvores. Atualmente, cerca de 36 mil hectares de Áreas de Preservação Permanente (APP) e áreas de recarga hídrica estão em processo de recuperação, além de 2,5 mil nascentes em municípios afetados pelo rompimento da barragem. A meta da Fundação Renova é restaurar 40 mil hectares de florestas nativas e 5 mil nascentes até 2030.

Após a coleta, as sementes passam por um rigoroso controle de qualidade e pesagem antes de serem armazenadas em condições controladas de temperatura, umidade e luminosidade. Dependendo da demanda, as sementes podem ser plantadas diretamente após a preparação do solo ou enviadas para viveiros para a produção de mudas. Até abril deste ano, foram produzidas 7,6 milhões de mudas.

Além da coleta de sementes e produção de mudas, a Fundação Renova também remunera agricultores que se dedicam à recuperação de áreas em suas propriedades, especialmente nascentes e mananciais. Desde 2017, foram pagos R$ 11,05 milhões a produtores rurais na bacia do rio Doce para a recuperação de nascentes e áreas de preservação permanente.

As ações de restauração florestal realizadas em parceria com coletores de sementes, viveiros e produtores rurais contribuem para a recuperação de áreas degradadas e a preservação dos mananciais, melhorando a oferta e a qualidade da água.

O trabalho foi realizado com apoio da Fundação Renova, instituição criada pela Samarco, suas acionistas Vale e BHP, após assinatura de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) com governos Federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo para compensação de danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG) há nove anos.

SAIBA MAIS: O rompimento da barragem de Fundão, considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil, destruiu o distrito de Bento Rodrigues, causando a morte de 19 pessoas e deixando outras 900 desabrigadas. A lama resultante do desastre atingiu o Rio Doce, causando a morte de peixes e interrompendo o abastecimento de água em várias cidades de Minas Gerais e Espírito Santo.

O rompimento aconteceu na tarde de 5 de novembro de 2015, no subdistrito de Bento Rodrigues, a aproximadamente 35 km do centro da cidade de Mariana, em Minas Gerais. A barragem de rejeitos de mineração chamada “Fundão”, gerida pela Samarco Mineração S.A., se rompeu. A Samarco é uma parceria entre duas das maiores mineradoras do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.

Inicialmente, a Samarco havia informado que duas barragens haviam sido comprometidas – Fundão e Santarém. No entanto, em 16 de novembro, a empresa corrigiu a informação, afirmando que apenas a barragem de Fundão havia rompido, enquanto os rejeitos transbordaram por cima da barragem de Santarém, que permaneceu intacta. Essas estruturas foram erguidas para armazenar resíduos da mineração de ferro na região.

O rompimento de Fundão é considerado o maior desastre industrial em termos de impacto ambiental no Brasil, além de ser o maior incidente envolvendo barragens de rejeitos no mundo, com um volume de 62 milhões de metros cúbicos de resíduos liberados. A lama atingiu o rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais dependem do rio para o abastecimento de água.

Especialistas ambientais afirmam que os efeitos no mar poderão durar pelo menos um século, embora ainda não haja uma avaliação completa dos danos. A prefeitura de Mariana estima que os custos para reparação da infraestrutura local ultrapassem cem milhões de reais.

Fonte: Pensar Agro